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16 de Abril de 2024

A reforma previdenciária e as regras de idade na aposentadoria

Os principais pontos acerca da questão previdenciária, como as novas regras para idade mínima e o fator móvel 85/95 para aposentadoria.

há 8 anos

A reforma previdenciria e as regras de idade na aposentadoria

O problema envolvendo a questão previdenciária não data de hoje e não é uma situação restrita ao Brasil ou a países subdesenvolvidos. Grandes potências, como os EUA, têm ou já tiveram que enfrentar essas questões. O problema é que como invariavelmente a solução passa pelo aumento da idade para se aposentar, governantes e políticos vão fazendo pequenos ajustes ao longo dos anos, de modo a manchar pouco sua imagem com seu eleitorado.

Enfim, a homeopatia política parece doer mais que uma alopatia sugerida. E bem sabemos que no Brasil, passados alguns anos sem corrupção e resolvidas algumas questões de infraestrutura básica, poderíamos dar cabo ao problema da previdência sem grandes ajustes, fatores e planos previdenciários.

Mas no que consistia o pacote de discussão que se arrasta pelo menos desde o governo FHC? Vamos passar rapidamente pelos principais pontos, dando-lhe uma ideia das pretensões, quando apresentadas pelo então presidente Luiz Inácio.

-Paridade: equiparar benefícios de reajustes salariais para servidores da ativa e aposentados;

-Integralidade: recompor a regra de aposentadoria com proventos integrais para os servidores que estão na ativa;

-Taxação dos inativos: sem dúvida era o ponto mais polêmico da reforma, prevendo a incidência de Imposto de Renda para parte do grupo que hoje é isento da cobrança nas aposentadorias, de acordo com o teto;

-Novas regras para aposentadoria: estender a idade para aposentadoria, incidindo um fator de redução percentual para cada ano de antecipação de quem decidisse antecipar o fim da vida laboral;

-Estipulação de teto único: estabelecimento de um teto único de remuneração, sobre o qual poderiam ser acrescidos valores oriundos dos fundos de pensão;

-Redução das pensões: dependentes dos aposentados ficariam restritos a 70% do benefício do segurado.

Para 2016, temos mais um capítulo dessa história, incidindo sobre dois pontos que mudarão as regras de idade na aposentadoria, mudanças que são vistas como prioridade para o Governo. A primeira delas estabelecerá uma idade mínima obrigatória para que a pessoa possa se aposentar. A outra mudança é deixar móvel o fator 85/95.

Em apartada síntese, o fator 85/95 é uma equação criada em junho de 2015, que leva em conta a idade e o tempo de contribuição, sendo 85 o fator da mulher e 95 o do homem. Ou seja, uma mulher com 55 anos e 30 de contribuição pode se aposentar; para o homem o parâmetro seria de 60 anos e 35 de contribuição.

Mas o que muda? Tornando o fator móvel, o governo tem liberdade para adaptá-lo à medida em que a expectativa de vida do brasileiro aumenta, reduzindo o impacto que a previdência sofre (a pessoa passa mais de 20 anos aposentada, pesando para os cofres) com a ampliação da idade de aposentadoria.

De acordo com a regra, em 2026 o fator estará em 90/100. No meu caso, homem, se eu estivesse apto ao processo de aposentadoria, estaríamos falando de 65 anos e 35 de contribuição. Será que estou certo? Não fico absolutamente confortável para analisar a tecnicidade da norma, mas tenho dois pontos de vista relevantes sobre o assunto.

Do ponto de vista leigo médico, tenho a impressão de que doenças como Alzheimer podem ter seu desencadeamento a partir de uma redução na atividade intelectual, muitas vezes oriunda do processo de aposentação. NÃO É UMA QUESTÃO COMPROVADA e nem o único fator. Muito ainda há que ser estudado mas pode haver uma relação que me inclinaria a dizer: pode fazer sentido para a saúde manter o cidadão na ativa, laborando com toda a sua experiência.

Quem sabe para o futuro não seja criada uma regra de compensação para que as pessoas com mais de 60 anos exerçam suas atividades por pelo menos 4 dias na semana, ou 6 horas diárias. É a hipótese da hipótese, mas é uma.

Sob outro ponto de vista, agora com mais tecnicidade, amparado pelo jocoso nome que tomou a PEC da Bengala, a Emenda Constitucional 88, temos agora parte de nossos servidores podendo atuar no serviço público até os 75 anos. Uma pena, por exemplo, que tenhamos perdido no STF tão brilhantes ministros, como Sepúlveda Pertence. Mas o recado é claro: com 70 anos, não há senilidade ou enfermidade para o trabalho. Pelo contrário, são poços de sabedoria a serviço do Estado.

Enfim. Ainda viveremos muito sem ter estabilidade de planos de aposentadoria até que algum governante se disponha a uma mudança definitiva. Mas fato é que enquanto não mudarmos nosso posicionamento a respeito de obrigações cívicas, múnus público e corresponsabilidade, ficará difícil aceitar as mudanças propostas. E há uma razão maior que justifica nossa falta de propósito: o Estado não nos ampara com tudo aquilo que deveríamos ter de um estado com nossa carga tributária. Mas isso é outra discussão.


FONTE: Migalhas

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24 Comentários

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Vamos por parte
1 - Gostei da exposição do Sr Levino, a verba da previdência é usada a bel prazer de cada governante. E mesmo assim a previdência urbana é superavitária.
Antes de procurar onerar o contribuinte tem sanar os problemas internos, mau uso, desvio de verba, corrupção, etc.
O trabalhador rural em sua maioria não contribui para a previdência social, tendo em vista que na maioria das vezes não tem nem carteira assinada, e o salário não é nem mesmo o salário minimo, quase um trabalhador escravo.
2 - Concordo que mesmo os países desenvolvidos estão revendo sua previdência, porém gostaria de acrescentar que nos países desenvolvidos o jovem não começa a trabalhar aos 14 anos (sei que oficial é 16), isso para não falar da contra prestação de serviço de modo geral.
3 - Hoje no INSS ha absurdos para conceder auxilio doença e aposentadoria por invalidez, facilmente detectados fazendo uma pesquisa aqui no Jusbrasil.
4 - Trabalhadores braçais não consegue se empregar ate os 60 anos ...servente de obra, operador de britadeiras por exemplos. E trabalhadores com curso superiores são facilmente substituídos por um recém formados cujo o salário é menor (é pratica de mercado)
5 - Não ha como fazer programação de vida, pois nossas leis previdenciárias sofrem alterações a todo instante, isso gera insegurança de toda a população.
6 - Para ter faça de trabalho é preciso ter saúde. Como se a saúde pública esta o caos e nem todos os locais tem tratamentos de água e esgotos (coisas básicas) para o bem estar público. Sem falar em educação.
7 - Empresas de modo geral não contrata pessoas com mais de 50 anos.
8 - Não estou vendo as pessoas viverem tanto como essa expectativa de vida anunciada. e muito menos as que conheço estão aptas ao mercado de trabalho. Faça um teste simples, dentre as pessoas que você conhece quantas tem mais 60, 70 anos e quais estariam aptas ao trabalho de 8 horas, mais as horas de deslocamento trabalho/residencias.
9 - Como lembrou Sr Jose Barbosa, alguns classes sociais (políticos por exemplo) nem se quer precisam trabalhar 10 anos.
10 - Se a expectativa de vida aumentou e o trabalhador esta sendo onerado por isso, o estado deveria estar realizando investimentos para atender essa demanda, tais como lares geriátricos, creche de idosos, atendimento especializado em clinica da família.
11 - Pelos itens expostos acima, estou me sentindo roubada pelo governo brasileiro. continuar lendo

Prezada Mônica; pena que em um assunto de extrema importância, tenhamos poucos comentaristas dispostos a dar sua opinião.
Fôsse assunto relacionado à classe política teriamos sem dúvida mais pessoas participado, o que é uma pena.
E vc. tem razão, a parte Urbana da Previdência Social é sim Superavitária, embora os governos tentem influenciar pessoas com mentiras e numeros irreais.Todos os governos USAM o dinheiro da Previdência para fins diversos que não aqueles determinados em lei, e sempre usam de má fé quando estamos em época de reajuste de aposentadorias e pensões,tentando passar a falsa impressão de que um aumento maior irá "quebrar" a Previdência, e pior; com a cumplicidade de boa parte da midia de nosso país.As pessoas que escrevem em jornais, e revistas NÃO se dão ao trabalho de verificar os numeros e apenas endossam o que diz o governo.
É de se lamentar que pseudo jornalistas trabalhem a favor de governos espúrios, contra a população de aposentados e pensionistas.
Hoje entre os 594 parlamentares do congresso nacional, apenas dois buscam atender os reclamos dos aposentados, são eles: Senador Paulo Paim do PT-R.g.do sul, que provavelmente deixará o partido dos trabalhadores e o Deputado Federal Arnaldo Faria de Sá de SP.Os demais 592 parlamentares do congresso, apenas fazem coro com o governo e vota tudo que podem contra os aposentados, é lamentável mas essa é a grande verdade.
Abçs. continuar lendo

Por que antes de discutirmos o problema que é os que se aposentam com menos de 65 anos não discutimos o fato dos que se aposentam com oito anos de contribuição trabalhando de terça a quinta? e ainda por cima podem acumular mais de uma aposentadoria? O exemplo deve vir de cima. continuar lendo

Você está certissimo José Barbosa.
Além disso, temos o governo alocando recursos da previdência para outros setores da economia (que economia??). Não é informado ao público como estes políticos se aposentam e nunca fizeram levantamentos de quantos estão aposentados por suas indicações sem trabalhar um dia em empresas estatais. Lembrando ainda que eles (políticos: poderes executivo e legislativo) se aposentam com o valor que recebem ao fim de dois mandatos, ou seja, hoje com R$ 39.000,00 mais ou menos, enquanto o trabalhador comum, por uma média de apuração de salários de contribuição calculados desde Maio de 1994. Afinal, quem é que prejudica a previdência no Brasil??? Todos os meios de comunicação e o nosso relator acima atribui ao contribuinte trabalhador, quando o grande vilão está no poder público. continuar lendo

Gostei de sua exposição. Concordo plenamente com voce. continuar lendo

O problema é que enquanto os políticos fizerem da política um balcão de negócio o trabalhador brasileiro vai sofrer as consequência, pois político que se preza não tá nem ai com o povo, a não ser, é claro, quando chega a época de eleição como esse ano. Ai o povo vale OURO! continuar lendo

Considerando que já existe o fator 85/95 previsto em lei e que chegará a 90/100 em 2026, basta ser obrigatório os 35 anos de contribuição e 65 anos de idade para os homens a partir de 2027, ficaria então uma regra de transição até dez 2026 com a mobilidade do fator 85/95 e a partir de janeiro de 2027 ficaria sempre o fator 90/100 com a contribuição mínima já exigida e a idade mínima de 60 anos para as mulheres e 65 anos para os homens. continuar lendo

Se pretendessem resolver o problema da Previdência Social, já teriam resolvido há muito tempo.Desde o governo Sarney que essa discussão se arrasta sem solução, mas é muito simples:
1) Todos os trabalhadores do Brasil, ai incluidos trabalhadores da iniciativa privada,funcionários públicos,políticos,trabalhadores do judiciário (incluidos juizes),Rurais enfim, QUALQUER trabalhador deveria se aposentar pelo INSS, seguindo as regras que deveriam ser CLARAS e objetivas.Quem pretendesse uma aposentadoria maior, que contribuisse com o sistema de Previdência privada particular que existem as duzias em Bancos e Financeiras.
2) Sou favorável a que mesmo os aposentados, continuassem a contribuir com o sistema com algo em torno de 10%(dez) dos proventos desde que suas aposentadorias seguissem as regras do numero de S.M., ou seja; o cidadão aposentou-se com 2,3,4,5 ou até 10 S.M., esses valores fossem PRESERVADOS sempre, em quaisquer circuntâncias.
3) Que fôsse PROIBIDO aos governos usarem a tal da DRU de onde tiram até 30% do dinheiro da Previdência Social para usar em OUTRAS áreas que não o sistema, como ocorre hoje.
4) Que seja proibido por lei aos governantes, criarem prêmios e aposentadorias a ex-jogadores de futebol,atletas de varias modalidades,pensões a ex-presos políticos para que a Previdência Social arque com essas despesas.Se querem os governos fazer caridade com o chapéu alheio, que esse dinheiro saia do TESOURO nacional e NÃO da Previdência social.
5)É preciso que haja regras claras e definitivas sobre a Previdência Social, e não ser permitido que cada governo que assume, mude a seu bel prazer as regras existentes para beneficiar esse ou aquele apadrinhado politico, como ocorre hoje.E que somente profissionais de carreira do orgão possam ser ´promovidos a cargos de chefia. continuar lendo